Marina, os diamantes e a repaginada musical

Marina & the Diamonds é, e sabe disso, um nome ainda pouco popular na popsfera. Infelizmente, apesar do primoroso trabalho no primeiro álbum “The Family Jewels” (2010), a cantora passou longe dos holofotesmainstream. Não que esse fosse o propósito, até porque sua música era indie demais pra topar os charts. Agora, com o segundo álbum “Electra Heart”, Marina trabalhou com produtores renomados (StargateDr. LukeDiplo) que deixaram sua sonoridade mais comercial, o que já refletiu nos charts. As letras continuam sensacionais como no primeiro trabalho, mas dessa vez a cantora foi além no aspecto visual e viajou na saga de Electra Heart, que não é um alter-ego propriamente dito, mas sim uma narradora que passa por várias fábulas dentro da sinopse do álbum.
Pomba Pop traz a review do álbum da sensação galesa do pop:

Bubblegum Bitch
Aqui Marina “zoa” as companheiras de profissão, mas claramente as desesperadas por topo de charts e atenção freqüente da mídia. Clichês como “me atinja com seu doce amor, me roube com um beijo” são freqüentes e tudo que a cantora pede é para ser #1. A sonoridade pop-rockish entraria fácil no primeiro álbum de Katy Perry, “One of the Boys”. Marina já abriu a “California Dreams tour” de Perry ano passado, logo qualquer indireta não é coincidência.

O primeiro single oficial do álbum é até então o maior hit dele. Primadonna é produzida por Dr. Luke, o produtor de Katy Perry e Britney Spears. Seria uma canção pop qualquer não fosse pela composição genial que conta a história da garota que não tinha nada e queria apenas o mundo.

Lies
Segunda produção de Dr. Luke (acompanhada por Diplo), Lies traz as essências de dubstep que o produtor tem usado tanto desde o ano passado. Faixa pronta para ser single e com talvez a letra mais dor-de-cotovelo do álbum.

Homewrecker
Disponibilizada por Marina gratuitamente em seu site alguns meses atrás, Homewrecker é não apenas uma das melhores faixas do álbum como da carreira da cantora. Com potencial para single gritante – sem dúvidas um dos refrãos mais fortes – a letra sobre a garota que destrói lares, mas no fundo apenas busca o amor é nada menos que brilhante.

Starring Role
Outra faixa de cunho depressivo, Starring Role trata da garota que quer o “papel principal” no coração do ser amado e além de não conseguir, tem orgulho de sobra para ser coadjuvante. Marina já disse ser uma de suas faixas mais pessoais e que pretende lançá-la como single futuramente.

The State of Dreaming
A faixa mais leve liricamente até então, que de acordo com a cantora foi inspirada em Marilyn Monroe. O instrumental do refrão com violinos se assemelha a “Firework”, hit de Katy Perry – apesar da letra infinitamente superior. Talvez seja coincidência, talvez não.

Power & Control
Suposto segundo single do álbum, Power & Control tem letra forte e agressiva e mais uma vez direcionada a relacionamentos. “Você pode ser bonito, mas não é uma peça de arte” é de longe a melhor das quotes dentro do álbum. O instrumental do produtor Greg Kurstin remete a “Stronger” atual hit de Kelly Clarkson nas rádios.

Living Dead
Primeira faixa que Marina compôs para o álbum, e talvez a mais sombria do projeto. Apesar da letra polêmica, o instrumental eletropop dá a faixa um toque comercial e dançante.

Teen Idle
Primeira faixa de Liam Howe, produtor geral do primeiro álbum da cantora. A composição sobre uma juventude desperdiçada acompanhada do instrumental melancólico de Howe com certeza vão agradar os fãs saudosistas do “The Family Jewels”.

Valley of the Dolls
Inspirada assumidamente no filme de David Weisbart “Valley of the Dolls”, é outra faixa leve e doce que quebra o clima pesado do álbum. Segundo a cantora, a letra trata sobre o vazio interior que cada pessoa sente em certo momento da vida.

Hypocrates
A primeira grande dualidade dentro do álbum: o instrumental e a produção são doces e alegres enquanto a letra trata de pessoas hipócritas e a falsidade do ser humano.

Fear and Loathing
A grande balada do álbum (e também maior faixa dele). Foi a primeira música que Marina divulgou para o público, com um vídeo melodramático onde corta seu cabelo na frente de um espelho. A dualidade aqui também está presente: enquanto a letra trata sobre abandonar o rancor e a amargura, o instrumental com um leve toque de trip-hop é pesado e elaborado. A produção é de Liam Howe e fecha a versão standard do álbum com maestria.

Radioactive
A faixa foi divulgada por Marina como primeiro single do álbum, em setembro do ano passado. Porém com o conceito do álbum (e a sonoridade) se construindo durante a produção, a cantora acreditou que a faixa dance produzida por Stargate (Rihanna, David Guetta) ficaria deslocada dentro do álbum. Ainda sim, é muito bom lembrar que música dance pode sim ter composições mais elaboradas como essa, que trata de uma paixão tão forte quanto radiação nuclear.

Sex Yeah
Uma lástima a faixa mais “pensante” do álbum ter ficado de fora da edição standard. Em Sex Yeah Marina trata de tabus como a relação entre o capitalismo, a história e a sexualidade feminina dentro da sociedade. Popstars podem sim ser inteligentes e críticas.

Lonely Hearts Club
Lonely Hearts Club é a faixa que intitula a tour do álbum, que se inicia dia 27 de maio em Berlim, na Alemanha. Apesar da sonoridade genérica e a composição passarem longe de sere geniais, ainda é superior do que a grande parte das canções pop atuais.

Buy the Stars
A faixa mais simples do álbum (e que mais se assemelha ao primeiro, tido a produção de Liam Howe) é de uma graciosidade sem tamanho. Aqui Marina também se afirma como vocalista, visto que o único instrumento que acompanha seu vocal é o piano. A composição romântica pode de primeira impressão soar simples, mas é muito bem elaborada.

A primeira vista, pode parecer que a cantora se vendeu ao pop-chiclete, mas o fato inquestionável é que Marina (e seus diamantes) é dona de um dos melhores álbuns de 2012 até o momento. A perspicácia em dosar a comercialidade sem perder a essência nas composições é algo que poucos artistas já conseguiram fazer sem soar pedantes ou forçados. Com essa invasão européia de artistas nos US, fica aqui a torcida pra que Marina consiga fazer algum barulho na América, porque merecimento e qualidade de trabalho ela já provou que não é o problema.

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