Christina Aguilera em "Lotus": apogeu ou perigeu artístico?

Após uma série de acontecimentos negativos tanto em sua vida pessoal quanto profissional, Christina Aguilera está de volta com seu quinto álbum de estúdio. Intitulado "Lotus" - uma analogia a flor do pântano que sobrevive apesar das mais difíceis condições -, a reunião de faixas tem a clara missão de colocar Aguilera de volta ao topo do jogo. O Pomba Pop traz uma review do novo álbum da popstar.
Lotus Intro
A introdução do álbum remete a seu trabalho anterior, o fracassado e incompreendido "Bionic". O sample de "Midnight City" da banda indie M83 encontra um vocal cheio de autotune que é acompanhado por uma atmosfera trip-hop. Funciona muito bem até a inclusão das batidas já conhecidas (e datadas) do produtor Alex da Kid (Rihanna, Eminem, Nicki Minaj). De qualquer maneira, o resultado final é surpreendente e o poema que a cantora recita no fim da faixa é de longe um dos highlights do projeto.

Army of Me
Após acostumar o ouvinte ao que seria (e deveria) ser o conceito sonoro do álbum, segue uma faixa forte, porém confusa. Army of Me peca na produção, que soa genérica como um dos muitos hits atuais do DJ David Guetta. Tida pela cantora como uma versão atualizada de seu hit "Fighter", a música deixa a desejar por não ser tão enérgica nem inspiracional quanto o hit de 2003.

Red Hot Kinda Love
Produção de Lucas Secon (Kylie Minogue), de longe uma das mais divertidas e despretensiosas faixas do disco. Red Hot Kinda Love soa tão divertida quanto os atuais hits de sua colega, Britney Spears, mas com a essência R&B típica de Christina. Há grande potencial para ser um dos próximos singles.

Make the World Move (feat. Cee-Lo Green)
A faixa é acompanhada pelos vocais (mal usados) de seu colega do "The Voice", Cee-Lo Green. Apesar de prevalecer o R&B/soul influenciado pelos anos 40, a (fraca) letra proclama um som futurista. De qualquer maneira, agradará os fãs que sentem falta de seus dias de "Back to Basics".

Your Body
Primeiro single do trabalho, sem sombra de dúvidas uma das faixas mais redondas e fortes do álbum. A produção impecável soa R&B sem perder a comercialidade necessária para tocar nas rádios. Além de ser uma faixa (se não a mais) cem por cento Christina Aguilera, só comprova o fato de Max Martin (Britney Spears, P!nk, Avril Lavigne) ser um dos produtores mais renomados e inovadores do mercado atual.

Let There Be Love
Outra faixa de Max Martin, não soa tão primorosa quanto a anterior. Com sintetizadores que relembram suas produções anteriores com Usher ou Britney Spears, a faixa soa genérica e vazia, apesar de boa composição e hooks. Ainda assim, tem força pra ser um grande hit do álbum.

Sing for Me
A primeira balada do álbum é, segundo a cantora, dedicada a seus fãs. Soa como uma faixa gravada diretamente de 2002 para seu álbum "Stripped", mesmo com ótimos sintetizadores que parecem saídos diretamente de uma faixa oitentista do cantor Prince.

Blank Page
O álbum segue com seu segmento de baladas inspiracionais e de superação. Aqui o que brilha é a composição de Sia, como sempre simples, porém tocante. O vocal cheio de emoção de Aguilera remete as ótimas baladas do "Bionic", como You Lost Me e Stronger Than Ever.

Cease Fire
Com uma letra relativamente forte (porém clichê), a produção de Alex da Kid deixa mais uma vez a desejar. A faixa soa vinda diretamente de um dos primeiros (e fracos) álbuns da Rihanna, além de possuir refrão e produção extremamente repetitivos e confusos.

Around the World
Mais uma produção de Alex da Kid, também uma faixa confusa e datada. Os tambores e instrumental enérgicos tornam a audição cansativa, apesar de aqui estar um dos refrãos mais fortes e memoráveis do álbum. Novamente, mais uma faixa que soa rejeitada no corte final do "Stripped".

Circles
Aqui se encontra uma Christina agressiva e irônica, mas ainda sim divertida. "Spin around in circles on my middle-middle finger" é uma clara resposta direta a todos as críticas sobre seu sobrepeso, fracasso em vendas e mudança de atitude - já superadas pelo sucesso instantâneo do reality show "The Voice". Funcionaria perfeitamente, não fosse o refrão genérico e esquecível típico de artistas sem a star quality de uma Christina Aguilera.

Best of Me
Após uma faixa agressiva há espaço para uma balada limpa e vulnerável. Best of Me tem uma das melhores composições do projeto e consegue soar essencialmente Christina Aguilera do início ao fim, com os exageros vocais típicos e amáveis da estrela.

Just a Fool (with Blake Shelton)
A versão standard do álbum se encerra com uma impecável balada com influências country. Dueto com o também jurado do "The Voice" Blake Shelton, a faixa mostra que Aguilera consegue viajar por estilos musicais variados com primor. Merece ao menos uma performance ao vivo da dupla, principalmente pelos vocais tão bem sintonizados.

Light Up the Sky
Mais uma balada com uma boa composição e produção simplória. Soa como uma faixa filler de um álbum de 2006, mas se destaca pelo vocal doce de Christina.

Empty Words
"The funny thing about hurting people is they tend to hurt people" é uma das quotes mais simples, no entanto das mais profundas do álbum. No entanto, a faixa se encerra nisso, tendo um dos refrões mais esquecíveis do mesmo.

Shut Up
A última faixa do álbum tem a missão de ser também uma das mais sofríveis. A exceção de palavrões e ameaças, parece uma faixa de Cher Lloyd, rejeitada por não possuir o elemento chiclete usual, muito pelo contrário.

Fica clara que a intenção do álbum é limpar a imagem da cantora com o público em geral. A gravadora, descontente com o fraco desempenho de seu álbum "Bionic", resolveu seguir o rumo contrário e apostar numa sonoridade mais radiofônica e comercial. Em contraponto, a produção falha em sua grande maioria, deixando a sonoridade genérica e anulando a identidade musical tão característica da cantora. Por outro lado, as faixas que remetem a seus trabalhos anteriores com certeza agradarão os fãs e relembrarão toda a personalidade e vocal forte da artista, com certeza seus maiores diferenciais dentro da atmosfera POP na última década.

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